quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Amor começa tarde

Amor e seu tempo

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência herdada, ouvida.

Amor começa tarde.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 7 de dezembro de 2008

De ariana para dionísio

Porque tu sabes que é de poesia
Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,
Que a teu lado te amando,
Antes de ser mulher sou inteira poeta.
E que o teu corpo existe porque o meu
Sempre existiu cantando. Meu corpo, Dionísio,
É que move o grande corpo teu

Hilda Hilst

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

amanhã de manhã

Menina amanhã de manhã
Quando a gente acordar quero te dizer
Que a felicidade vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens

Na hora ninguém escapa
Debaixo da cama, ninguém se esconde
A felicidade vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens

Menina, ela mete medo
Menina ela fecha a roda
Menina não tem saída
De cima, de banda ou de lado

Menina olhe pra frente
Menina, todo cuidado
Não queira dormir no ponto
Segure o jogo, atenção de manhã

Menina a felicidade
É cheia de praça, é cheia de traça
É cheia de lata, é cheia de graça

Menina a felicidade
É cheia de pano, é cheia de peno
É cheia de sino, é cheia de sono

Menina a felicidade
É cheia de ano, é cheia de eno
É cheia de hino, é cheia de ono

Menina a felicidade
É cheia de an, é cheia de en
É cheia de in, é cheia de on

Menina a felicidade
É cheia de a, é cheia de é
É cheia de i, é cheia de ó

É cheia de a, é cheia de é
É cheia de i, é cheia de ó

Menina amanhã de manhã| Tom Zé e Perna

domingo, 16 de novembro de 2008

sertões



"Adiante, que um ano passou. O que calou, o que segue dançando? A tatuagem está marcada no corpo do Ceará(e no meu). Lembrança distante ou sinal guerreiro? O que faremos com o que irreversivelmente nos marcou? O brasileiro é um povo memorialista. E a memória é como o mar: precisa-se renovar a cada instante para não deixar de ser o que é".
Thiago Arrais





faz um ano que sou outro. Isso me encanta e me assusta, mas é possível esperar outra coisa da arte feita com paixão?
há um ano que a cidade terrivelmente quente me(nos) fez transpirar amor ao invés de suor.
e não foram só as fotos que ficaram de concreto, todos os dias olho no espelho e vejo as mudanças no meu rosto.


terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Quando eu morrer voltarei para buscar os instantes que não vivi junto ao mar"

Quantos risos misturei ao som das águas
Quantas lágrimas de amor molhei no mar
No mais íntimo
Dos mais íntimos
Dos lugares desse lugar
Lugar público
Colo e útero
Amoroso de Yemanjá

Itapuana|Arnaldo Antunes

saudades do mar...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

mas vou fazer você chorar

"Sua tristeza vai esborrar
E a areia não consigo mais sentir
Enquanto eu andar
E depositar no que sinto
Eu vou estar contigo"

Tempo de carne e osso| Felipe S.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Presente da Lara

Lara diz:
Os adultos fazem negócios.
Têm rublos nos bolsos.
Quer amor? Pois não!
Ei-lo por cem rublos!
E eu, sem casa e sem teto,
com as mãos metidas nos bolsos rasgados,
vagava assombrado.

Lara diz:
À noite
vestis os melhores trajes
e ides descansar sobre viúvas ou casadas.
A mim
Moscou me sufocava de abraços
com seus infinitos anéis de praças.

Lara diz:
Nos corações, nos relógios
bate o pêndulo dos amantes.
Como se exaltam as duplas no leito do amor!
Eu, que sou a Praça da Paixão, *
surpreendo o pulsar selvagem
do coração das capitais.

Lara diz:
Desabotoado, o coração quase de fora,
abria-me ao sol e aos jatos d'água.
Entrai com vossas paixões!
Galgai-me com vossos amores!
Doravante não sou mais dono de meu coração!

Lara diz:
Nos demais - eu sei,
qualquer um o sabe -
O coração tem domicílio
no peito.
Comigo
a anatomia ficou louca.
Sou todo coração -
em todas as partes palpita.

Lara diz:
Oh! Quantas são as primaveras
em vinte anos acesas nesta fornalha!
Uma tal carga
acumulada
torna-se simplesmente insuportável.
Insuportável
não para o verso
de veras.

Lara diz:
Vladimir Maiakovsky
Lara diz:
ou Maiakovski
Lara diz:
o poeta revolucionário russo.
Lara diz:
:]
darwin diz:
aiai
Lara diz:
lindo, né?
Lara diz:
guarda com você, no seu coração que em todas as partes palpita.
Lara diz:
presente.
Lara diz:
:]
darwin diz:
melhor presente não há
darwin diz:
=D

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

'Quem tem saudade não está sozinho'

Se acaso estás distante de mim
Só penso em te buscar
O tempo fica horas sem fim
A me martirizar
A minha sinfonia de amor
Sofre uma pausa de dor
A natureza fica parada
Só penso em ti, mais nada

Meu sofrimento na tua ausência
Faz de um segundo horas mortais
Minha alegria esquece as horas
Se junto a mim tu estás

Distância|Marino Pinto e Mário Rossi - Versão de Nina Becker

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"spend a day to make her smile again"

Sentiu os olhos pesados, eles desejavam se fechar por um longo tempo, tempo que seria o suficiente para passara dor que sentia, ela, que conhecia muito bem todos os sinais de seu corpo sabia que essa reação significava vontade de chorar, os olhos pesavam e tremiam... Deitada ao lado do garoto que a amava, ela não entendia porque isso acontecia, essa sensação de que a vida não estava completa, de que nada era suficiente.
Sorria para disfarçar a tristeza nos seus olhos e se perguntava porque ele não notava.

Ele se perguntava porque não tinha coragem de tentar saber o motivo da tristeza nos olhos da garota. Medo de que ela dissesse a verdade, certamente.

Ela o abraçava e o seu coração doía de tanto pulsar, o diagnóstico já era conhecido e estava ligado às poucas certezas que tinha nessa vida de sonhar, uma delas, era que o amor do garoto que estava ao seu lado agora e que beijava o seu pescoço da maneira que ela mais gostava não era suficiente. Por mais intenso, forte, bonito, eterno e todos os adjetivos que o amor deve ter. Não bastava só um amor? Ela insistia em apostar tudo, mas nunca perdia, sempre tinha mais fichas para apostar. engraçado encontrar alguém que só quer se perder, enquanto tantos se cansaram de andar perdidos pelo mundo, seu desejo era seguir reto e sem destino. Beijos. As mãos dele percorriam todo o seu corpo e ela não conseguia entender como ele conseguira conhecê-la tão bem em tão pouco tempo, sim, ele a fazia feliz, mas não era o suficiente. Outra certeza que ela tinha era que os cigarros já não a tranquilizavam.

trilha = gal +caê + feist + kings of convenience

terça-feira, 28 de outubro de 2008

mobilização

eletrotorpe
http://www.moviemobz.com/film/profile/mid/427
Numa noite, universos aparentemente desconexos se cruzam. Uma estrada e uma rave são início e fim de uma inusitada jornada das vidas de quatro personagens que são obrigados a confrontarem seus valores em uma viagem entorpecente, ao som de música eletrônica.
(Sinopse do Moviemobz)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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voltando
para
casa
de
manhã
cantando
sambas
tristes

longe

saudade

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A radiação emitida pelo monitor parece queimar meus olhos, mas escrever um texto nunca foi tão necessário. A cabeça dói e meu estômago parece querer me trair a qualquer momento, o caos no meu lado avesso enquanto na superfície tudo sob controle. Só me vem a cabeça que preciso de cigarros, agora. Eu sempre tenho, mas nunca estão perto de mim... agora eles estão escondidos em alguma gaveta do meu quarto, da última vez que precisei deles resolvi que mudaria de lugar, não lembro exatamente onde deixei esse que talvez tenha sido o maço mais duradouro. Um maço de Free, a carteira em formato ks com uma foto dizendo que fumar pode provocar aborto. Quero comprar uma passagem para a lua. Não para a que os americanos inventaram na década de 60, queria a lua sorridente do Melies. Tempo difícil para sonhadores.


terça-feira, 14 de outubro de 2008

a vida é como um gás

só um sopro
só um vento
nada mais









*prometo que um dia essa fase pato fu acaba
3° post seguido é putaria

domingo, 12 de outubro de 2008

tchubarubing

eu sempre tive essa fascínio por música melancólicas, adoro a tristeza que elas produzem e como potencializam as coisas relacionadas a esses acidentes de paixão. hoje estava na cama e lembrei de um trecho de 'a verdade sobre o tempo' mas quando acordei de verdade só sabia que meus ouvidos precisavam de alguma coisa melancólica, fui direto para o folk e mesmo adorando não era isso que eles pediam, até que achei o 'daqui pro futuro'. E não sei se tive essa sensação alguma outra vez, mas hoje eu vi a matéria prima para todo tipo de tristeza nesse disco, são baladas simples que se aproximam da música pop perfeita (aquela de 3 minutos e meio com refrão simples e repetitivo) mas carregadas e uma melancolia terrível... Até que chegou em Vagalume, a faixa10, uma música que eu gostava mas não achava tão expressiva nesse cd, hoje ela foi ideal e já perdi as contas de quantas vezes ouvi a música e vi o vídeo do música de bolso. Enfim, a música é ideal e não há maneira melhor de explicar a minha felicidade em ter encontrado um vaga-lume em uma noite que parecia não ter luar...

Eu agora sei voar

Acima das nuvens, o tempo é sempre bom
E o Sol brilha tanto que pode te cegar
Eu quero estar bem longe do chão
Só pra não ver você chorar

Mas o ar é tão puro que foge de mim

Pode acreditar, eu agora sei voar
E num pé de vento, você vai me ver passar
Pode acreditar

Há tanto oxigênio que chego a me esquecer
De todo esse tempo que estou sem respirar
A turbulência já vai passar
E a Terra treme ao nível do mar

Só mesmo aqui, a 30.000 pés

Pode acreditar, eu agora sei voar
E num pé de vento, você vai me ver passar
Pode acreditar

Pode acreditar

30.000 pés|Fernanda Takai e Jonh Ulhoa

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

o samba é um santo remédio pra quem quer viver

E qual é o mistério do Samba?
a tristeza que é senhora?
a dor que não tem razão?
é alguém que diz "vem que passa o teu sofrer"?
a resposta é simples:
'quem suportar uma paixão
Sentirá que o samba então
Nasce do coração'.

*noel rosa e vários outros...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

seja falta, acaso, ou pura cisma

o que vira amor sempre é bom



tem muito amor pra te contar
e muito mais pra te dar


moreno veloso|enquanto isso

domingo, 28 de setembro de 2008

outro personagem

Sabe de uma coisa, me cansei desses 'acidentes de paixão', essa história de me perder todo dia e insistir em fugir quando me encontro... Não sei o que fazer. Estou cansado de viver assim, mas não sei viver de outra maneira. Não entendo essas pessoas que precisam de manuais para viver ou para justificar a sua pseudo-vida, chega! Não vou falar mais nada. Eu sei, você vai dizer que eu devo olhar as coisas de outra maneira, que nem tudo está perdido e vai me encher com essa conversa sobre esperança... Ah meu caro amigo, se você soubesse que a vida vai além dos seu sonhos. Eu entendo que a sua leveza te deixa livre para passear pelo mundo dos sonhos e não sentir o peso da realidade, eu sei bem que você cansou de carregar aquele fardo e agora pode se prender onde quiser. Ao contrário de você preciso do peso, preciso daquela bola de ferro acorrentada ao meu pé que me impede de voar. Você vai dizer que eu sou ridículo e tenho medo de amar de outra maneira, eu sei, eu te conheço bem, sei todos os seus argumentos, a minha consciência sempre usa os mesmos que você... Passei tanto tempo sem poder voar que agora fico me arrastando, não consigo ir muito longe, medo? não, não tenho medo, não sei o que é... talvez saiba, mas estou muito sóbrio para admitir. Não precisa dizer meu amigo, já sei que sou um caso perdido.

sábado, 27 de setembro de 2008

This is what you get

E vem arrastando tudo, como uma ventania que entra pelas portas e janelas trazendo o mundo para dentro de casa, o mundo que você queria deixar do lado de fora.
Não pediu minha permissão e agora já é tarde, se alojou na minha sala vazia e ordenou o meu caos.
Não desejaria que fosse de outra maneira.

"this is what you get when you mess with love"

sábado, 20 de setembro de 2008

CéU

Tá difícil escrever... não sei bem o motivo, mas as coisas simplesmente não fluem... toda vez que me sento para escrever a inspiração foge, e acho que não estou tão treinado com as minhas asas para conseguir acompanhá-la. Tenho ouvido muito Céu ultimamente, não só o cd dela como o que ela fez com os Sonantes e as participações que ela fez mundo a fora. Tem uma versão de 10 contados com o Paulinhos Moska que é arrasadora... Ouvi faz alguns minutos e deu vontade de escrever esse post, que tá totalmente 'diário' e nunca foi a intenção desse blog ser um... mas, aí está, um diário.
e já que preciso de algum coisa poética aqui...

qual o grau de miopia
necessário pre'sse dia
acabar
de jeito bom
apenas
um ao menos
que me impeça
de seguir
nessa coleta
de acidentes
e paixão

qual o grau de fantasia
necessário pra que
vistas
este amor
quase ideal
seria
se não fosse
verdadeiro
dentre poucos
o primeiro
que conforta
ao amor

miopia | sonantes

sábado, 16 de agosto de 2008

Portas e janelas abertas para a sorte entrar

Canto
Pra dizer que no meu coração
Já não mais se agitam as ondas de uma paixão
Ele não é mais abrigo de amores perdidos
É um lago mais tranqüilo
Onde a dor não tem razão
Nele a semente de um novo amor nasceu
Livre de todo rancor, em flor se abriu
Venho reabrir as janelas da vida
E cantar como jamais cantei
Esta felicidade ainda

Onde a dor não tem razão
(Elton Medeiros e Paulinho da Viola)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

This bird has flown

And when I awoke
I was alone, this bird has flown
So I lit a fire
Isn't it good?
Norwegian Wood


Norwegian Wood
Lennon & McCartney

domingo, 10 de agosto de 2008

Vertigo

Ignorei completamente os avisos de perigo e corri em direção ao abismo. O medo de cair se confundiu com a vontade de pular e me lancei, sem ter certeza da altura, sem saber se conseguiria voar ou se morreria com a queda. Na verdade o tempo todo, epserava que alguma mão me segurasse, certamente isso aconteceu, algumas tentaram me deter, mas não foram mais fortes que a minha determinação em saltar. Nem sei se os longos segundos de queda livre compensaram a dor que senti quando meu corpo caiu no chão, eu estava pronto para ter o coração despedaçado, mas não o corpo inteiro.

Now I'm feeling dangerous,
riding on city buses for a hobby issad

Lead me to a living end
The state that I am in*

Não tinha como uma queda assim não deixar sequelas, agora sinto uma terrível dor no braço esquerdo. Se ao menos não fosse canhoto.


*
Belle and Sebastian

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

De volta a rotina

O corpo dormente pelo efeito das cervejas e dos cigarros e a vontade de me libertar de tudo o que é pesado. Não que o peso seja negativo, mas simplesmente não tenho vocação para ele... nunca me fez bem carregar fardos que eu mesmo crio, agora não carrego mais e não me importo em ser leve e passageiro, a eternidade me parece extremamente maçante. De volta a velha rotina.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

De repente eu percebi que meu corpo é uma fábrica de poesia e desespero. E como me irrita não compreender a dimensão e o sentido desses gestos e versos.


ainda sobre efeito de "O que eu gostaria de dizer"

sábado, 12 de julho de 2008

Boullevard of broken dreams ou Espera

Andava tarde da noite pela avenida deserta, procurando e esperando algo que me surpreendesse, na verdade, procurava algo que me tirasse pelo menos por algum tempo da realidade farda em que estou vivendo. Dois garotos passaram por mim e pararam no ponto de ônibus mais a frente, deles levava a pé a sua bicicleta e conversavam animadamente. Também parei no ponto de ônibus onde ficaram. Encostados na parede um casal que deveria ter em média 60 anos se beijava como se tivesse 15. A jovem idosa era a mais animada nas carícias, beijava o pescoço do amante como se fosse uma vampira desesperada por sangue, ignorando os olhares passou desabotoou os primeiros botões da camisa dele e passou a mão no seu peito. Beijaram-se. Os garotos estavam frente a frente o assunto pareci não se esgotar, o que usava boné, estava sentado no varão da bicicleta e suas pernas esticadas de tal maneira que se encontravam com as pernas do outro garoto a sua frente. Ao contrário do outro casal as carícias que trocavam eram tímidas, assim como os sorrisos, mas os olhares, esses olhares que diziam tudo. Acendi um cigarro. Já havia perdido a conta de quantos já tinha fumado, tinha acordado com a sensação de que algo ruim ia acontecer, a sensação foi diminuindo à medida que encontrava pessoas queridas e que consumia uma quantidade incontável de glicose. Mas agora a sensação voltava, naquela avenida de sonhos partidos cercado por aqueles dois casais... eram os últimos cigarros, estava terrivelmente arrependido por comprar uma carteira de cigarros com sabor cereja. Ao menos estava no fim, não que esses cigarros sejam ruim, mas o gosto doce não vai me ajudar a abandonar o vício. Os amantes param de se beijar por um instante e o senhor me pede o isqueiro, ele ascende um cigarro e a mulher não parece gostar muito desse hábito, continuam abraçados enquanto ele fuma, mas ela mudou a posição do rosto tentando inutilmente evitar a fumaça. Um ônibus se aproxima, os dois garotos se abraçam, ‘quem não queria ser abraçado dessa maneira’, o que está em pé vai embora e o outro segue de bicicleta. Agora só restam dois cigarros. Catadores de lixo se aproximam e o velho mais uma vez interrompe as carícias, ele dá um cigarro para um dos catadores, o outro me pede dinheiro que nego sem pensar duas vezes. Agora lembrei de um curta sobre catadores de lixo, está no filme ‘Crianças invisíveis’, são vários curtas sobre infância, nem todos são muito felizes... Mais um ônibus se aproxima, os amantes se despedem, ela entra no ônibus, ele vai embora e estou sozinho. Acendo o último cigarro, tento aproveita-lo ao máximo, mas me perco em pensamentos e quando noto está no fim. Estou sozinho, eu e essa atmosfera de fumaça que eu mesmo criei, esperando alguma coisa que me tire dessa realidade farda que estou vivendo.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Risque!

O momento exige mudanças. Para começar preciso de cigarros, a marca que uso(Djarum) explora o trabalho infantil, e ainda tenho meia carteira...

Já comecei a riscar as coisas do meu caderno, das minhas meias e dos meus sapatos, assim mesmo, no melhor estilo Novos Baianos...

o céu e o inferno já estão riscados, pelo menos isso

sexta-feira, 27 de junho de 2008

And all there is to say is:

hey na na na

Dançando toda a noite
Bem rente ao precipício
Depois de tanto açoite
A dor virou teu vício


hey na na na



depois da queda o coice ( os paralamas do sucesso)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Aprendendo a ser só

Sabe, gente 
É tanta coisa pra gente saber
O que cantar, como andar, onde ir
O que dizer, o que calar, a quem querer
Sabe, gente
É tanta coisa que eu fico sem jeito
Sou eu sozinho e esse nó no peito
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder
Sabe, gente
Eu sei que no fundo o problema é só da gente
É só do coração dizer não quando a mente
Tenta nos levar pra casa do sofre
E quando escutar um samba-canção
Assim como "Eu preciso aprender a ser só"
Reagir e ouvir o coração responder:
Eu preciso aprender a só ser

(Gilberto Gil , Eu preciso aprender a ser só)

terça-feira, 3 de junho de 2008

Maré

Era um daqueles raros momentos em que você pode controlar o destino dos seus sentimentos. Os dois sentados frente a frente olhavam-se nos olhos tentando decifrar o que se passava entre eles. Ele não entendia o olhar dela, mas Ela sabia que era amor o que tinha nos olhos dele. Mas esse amor não ficaria ali por muito tempo. Os olhares levaram a pergunta inevitável. O que você sente por mim? A resposta dEla já era esperada... Nada original.
Ondas gigantes atingiram o lugar onde estava hospedado o amor dEle, o amor tentava nadar inutilmente, mas não tinha condições de lutar contra a força das marés. Essa estranha maré que não era regida pela lua, mas pelo coração, que fazia ondas maiores e mais fortes a cada pulsação. O amor gritava e ninguém ouvia, na verdade Ele ouvia, mas sua vontade era que aquele amor morresse. Os gritos o incomodavam, aquele amor era persistente e mesmo que o coração se esforçasse não conseguia afogá-lo. Ela falava amenidades, não, ela falava bobagens, não fazia idéia da luta que acontecia diante dos seus olhos, já não olhava fixo nos olhos dEle, então não percebia o amor que gritava dentro daquele garoto esperando para ser salvo.
Teve um momento que o magro corpo cansado não conseguia mais lutar, desistir não ia, não poderia desistir de sua existência, o amor queria sobreviver, e nunca se sabe ao certo da capacidade de um amor por mais magrinho que ele possa parecer. Parou de nadar contra as ondas, se lançou nelas, sabia que em algum momento alguém o tiraria dali, e foi boiando que ele conseguiu sobreviver... Continuou gritando, ele sabia que seus gritos não eram em vão e que outra pessoa estava a caminho para salvá-lo daquele coração imprudente.
Houve um silêncio, o grito inaudível do amor pareceu ecoar pela sala, e ela olhou nos olhos do garoto e notou que o brilho e o sorriso de outrora já não estavam presentes e se desesperou ao imaginar que poderia ser tarde e que talvez o amor tivesse morrido. Foi nesse instante que Ele teve uma fagulha de esperança ao olhar para os olhos dEla, ainda havia tempo para salvar aquele amor que já estava debilitado e cansado de tanto lutar, mas que ainda estava vivo.
As ondas se acalmaram, veio apenas uma grande e forte que o levou o amor até a praia. E voltou para os olhos dEle. Continuaram se olhando. Ela via o amor nos olhos dEle, Ele procurava reencontrar o amor que achou que tinha visto nos olhos dEla.



quinta-feira, 29 de maio de 2008

Pressão Baixa


As mãos dela estavam geladas, ele as apertou na tentativa de tirar-lhe o frio das mãos. Acariciava as mãos dela esperando que algum calor fosse transmitido, inútil. Ela se sensibilizava com o toque e com a beleza do momento, mas não conseguia fazer com que o resto do seu corpo tivesse o calor e a expressão que o seu coração acelerado tinha naquele momento. Ele esperando alguma reação dela. Ela esperando que ele percebesse as sutilezas do seu amor discreto.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

longa espera...

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e tudo isso só para recuperar a identidade...

sábado, 26 de abril de 2008

Clarice Lispector e Maria Bethânia

Depois de uma tarde de “quem sou eu” e de acordar à uma hora da madrugada ainda em desespero – eis que às três horas da madrugada eu acordei e me encontrei. Sim, eu me encontrei. Calma, tranqüila, plenitude sem fulminação. Simplesmente isso. Eu sou eu. E você é você. È lindo, é vasto, vai durar. Por enquanto tu olhas para mim e me amas. Não: Tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.


Trecho do livro Água Viva da Clarice que foi declamado por Bethânia no Rosa dos Ventos: O show encantado em 1971.

terça-feira, 22 de abril de 2008

A triste saga de um escultor que amava demais

Quando ainda era criança recebeu um grande bloco de madeira, disseram-lhe que nesse bloco o amor devia ser esculpido. Deram-lhe ferramentas, no início não tinha tanta habilidade e mesmo tendo muito amor (o bloco chegava a ter o triplo do seu tamanho) ele não conseguia utilizá-lo direito. Tentou bastante, até que conseguiu esculpir uma bela escultura, achava que ela era a forma definitiva do seu bloco, grande ilusão, havia se decepcionado e agora tinha que destruí-la, mas não poderia destruir o bloco. Foi difícil, sofreu bastante, foram dias de trabalho duro, lembro que chegou a sair sangue de suas mãos, mas ele conseguiu transformar aquela escultura em outra ainda mais bonita. Aprendeu a substituir amores antigos por novos sem deixar nenhum resquício do passado e estava consciente de que por mais bela que fosse a sua obra uma hora ela teria que mudar.Tornou-se um especialista, a cada novo amor fazia uma nova escultura e sempre se superava. O problema é que bloco ficava menor a medida que trocava de amores. Um dia restando apenas um pequeno pedaço de madeira, ele esculpiu uma flor. Aquela pequena flor era, sem dúvida alguma, a mais bela das esculturas que tinha feito. Gastara muito tempo para fazê-la, desde o momento de sua visualização até o último entalhe, tudo tinha sido trabalhoso. Agora tinha aquela flor, perfeitamente definida e com uma enorme riqueza de detalhes. Infelizmente investiu sua última tentativa de amar em algo platônico e unilateral. Agora não tinha madeira suficiente para esculpir algo novo. Teria que escolher entre passar o resto da vida com um amor não correspondido ou destruir a flor e não amar mais.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

atriz

Dessa vez encontrava-se em um posição totalmente nova. Abandonara os truques e joguinhos de sedução, alguns diziam que perdera a sua essência, tolos, ela só estava interpretando um novo personagem. Cortou os cabelos, reduziu a maquilagem e passou a usar roupas leves e claras, os olhares e risos provocantes foram substituídos por sorrisos tímidos... O que houve com a garota decidida que dominava todos os homens? ah, meus amigos, ela está apaixonada... se despiu da fantasia de Helena e agora é uma Penélope a esperar... esperar...

sábado, 5 de abril de 2008

Um dia qualquer que eu saí de casa na chuva para ligar para alguém

No bar, os bêbados retardatários tentam inutilmente afogar suas mágoas na cerveja cara e ruim, a luz do bar é a única coisa a iluminar a praça vazia, exceto pela presença dos dois. Ele na bicicleta, a camisa desabotoada. Ela o aperta em seus braços e enfia o seu rosto contra o peito dele. Ela chora desesperadamente e pede para que ele não a abandone. Uma chuva fraca os atinge. Ele a aninha em seus braços e mantém uma expressão tranqüila. Ela sente as batidas fortes do coração dele e deixa no seu peito uma mistura de chuva, suor e lágrimas. Olho para os dois e só vejo amor, no olhar dele e no desespero dela.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Imperfeito

O que há de errado em ser tão errado assim?

Pato Fu - Imperfeito

domingo, 30 de março de 2008

só de passagem

eu queria ficar, mas você não me pediu.

sábado, 15 de março de 2008

Tarde de sexta


Enquanto conversavam nuvens carregadas cobriam o céu que até pouco tempo estava azul, cada palavra que Lhe era dirigida parecia uma estaca que atingia o seu coração ( eu sei, essa é uma das metáforas mais pobres do mundo, mas fazer o que se estou sem inspiração?). Sentiu uma dor forte no peito e embora sentisse vontade, não conseguiu chorar. Despediram-se. Durante o resto da tarde uma chuva forte atingiu aquele lado da cidade. Depois da chuva a angústia e a dor foram embora.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Experiências poéticas enquando alguém falava sobre Sérgio Buarque de Holanda e a formação da sociedade brasileira

Os meus sentidos foram arrancados pela ilusão do amor.
Ando agora desequilibrado
em um mundo estranho
onde [não] me permito sentir dor
e prazer.

Genética

Sentindo-se sufocado com a tensão na sala onde velam o corpo do tio, Antonio vai caminhar pelo cemitério e acende um cigarro.

- O que você está fazendo com esse cigarro?

- Fumando, o idiot... Mãe?

- Antonio, como você pode me causar um desgosto desses a essa altura da minha vida! Meu filho, um fumante! E você que sempre fez campanha anti-tabagismo...

- Mãe, por favor, você fuma a mais de... 30 anos?

- Sim, fumo mesmo, mas até hoje sua avó não sabe que fumo! Nunca dei a ela esse desgosto, ter uma filha fumante...

- Já de ter uma filha mentirosa...

- Conviver com a mentira é inerente à maternidade!

- Mas não se preocupe, só estou fumando porque fiquei abalado com a morte do tio, e o clima ali naquela sala está muito pesado... Não vou precisar de tratamento, ainda não sou viciado.

- Abalado com a morte do seu tio?! Me surpreendo se você tiver falado com ele mais de três vezes.

- Falei mais que isso, nessa última semana conversamos bastante... Ele me devia um dinheiro, ainda daquela partida de poquer do mês passado...

- Além de fumante, viciado em jogo!

- Fazer o que? É a genética. Recebi 23 cromossomos fumantes e 23 cromossomos jogadores.

- Viu com a irmã mais nova do seu pai ficou gorda?

- Se ela não se cuidar vai ter o mesmo destino do tio E....

- Menino! Não diga uma coisa dessas!

- Ele morreu com quantos quilos?

- Não sei, mais de duzentos...

- Será que também herdei genes obesos?

- Hahahahaha. Essa foi boa, você nunca conseguiu ser gordo... E agora que virou fumante... Ai que desgosto! Um filho fumante... Quanto o seu tio ficou te devendo?

- 2 mil

- E você teve coragem de cobrar dívida de um homem que sofre do coração?

- Eu não sabia...

- Que seus outros tios não saibam dessa história...

- Ah, mas vão saber! Não vou ficar no prejuízo!

- Que filho horrível! O que foi que eu fiz de errado? Devo ter transado com o papa na outra vida, pra merecer isso!

- Essa piada foi boa... é sua?

- Acho que sim... Ultimamente tenho encarado as coisas com mais humor...

- Menos o fato de eu ter virado fumante...

- Isso causa uma grande tristeza no meu coração...

Antonio acende mais um cigarro

- Meu amor, qual é esse cigarro?

- Black

- Cigarros com gosto?

- É...

- Hunf... Meu maço acabou... Me arranja um?

segunda-feira, 10 de março de 2008

O Arnaldo me entende...

Para onde vou agora livre, mas sem você
Pra onde ir o que fazer como eu vou viver
Eu gosto de ficar só, mas gosto mais de você
Eu gosto da luz do sol, mas chove sempre agora sem
você
Sem você, sem você, sem você

Às vezes acredito em mim
Mas às vezes não
Às vezes tiro meu destino da minha mão
Talvez eu corte o cabelo
Talvez eu fique feliz
Talvez eu perca a cabeça
Talvez esqueça e cresça sem você
Sem você, sem você, sem você

Pra onde vou agora sem você

Talvez precise de colchão
Talvez baste o chão
Talvez no 20º andar
Talvez no porão
Talvez eu mate o que fui
Talvez imite o que sou
Talvez eu tema o que vem
Talvez te ame ainda sem você
Sem você, sem você, sem você

Eu gosto de ficar só, mas gosto mais de você
Eu gosto da luz do sol, Talvez eu mate o que fui
Talvez imite o que sou
Talvez eu tema o que vem
Talvez te ame ainda sem você
Sem você, sem você, sem você
Sem Você - Arnaldo Antunes
Qualquer

Arnaldo Antunes - Sem Você

domingo, 2 de março de 2008

Típica crônica dominical

Os domingos são naturalmente depressivos, e quando a casa está vazia e os amigos envoltos na mesma melancolia dominical que suga a vontade fazer qualquer outra coisa além de... Ficar em casa. Vitrola, discos do Roberto, Skol gelada e cigarros roubados da carteira da minha mãe. O cenário criado para inspirar uma crônica dominical fazendo reflexões baratas sobre o tédio dos dias de domingo. Tentei ligar mais cedo para a operadora do meu serviço de internet e descobri, depois de horas tentando decifrar as entrelinhas do atendimento eletrônico, que não existe atendimento aos domingos. Enquanto isso ela fica lenta e praticamente inútil. Falar sobre o inferno que é a indústria do tele marketing também já virou lugar comum, tantas pessoas mais interessantes e bem pagas já escreveram sobre esse tema... Roberto Carlos 1977 – Falando Sério, essa música é carregada de sentimentos, combina perfeitamente com a proposta inicial desse blog, mas não com a minha vontade... Essa coisa de ser sentimental e preferir por amora sofrer por qualquer outra coisa. Sofrer parece a coisa mais tola e sofrer por amor? Que coisa mais individualista e egoísta, a vida pode não ser bela, mas sofrer por amor é... inútil. Não vai trazer o amor de volta, não vai acabar com a crise da Palestina, não vai salvar os refugiados na África, não vai pagar o seu salário, não é o seu sofrimento que vai... que vai... Sofrer por amor é uma extrema falta de solidariedade. Além de ser um desperdício de tempo. Ai, vou ouvir Maysa.

Maysa - La Barca

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Esse Mário de Andrade me causa arrepios...

Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa na rua Lopes Chaves
De sopetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus !
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu.

(Mário de Andrade)

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Não quero você enfeite do meu ser

Não quero sugar todo seu leite

Nem quero você enfeite do meu ser

Apenas te peço que respeite

O meu louco querer

Não importa com quem você se deite

Que você se deleite seja com quem for

Apenas de peço que aceite

O meu estranho amor

Diante do espelho contempla o seu corpo nu. Apenas a fraca luz do abajur luta contra a escuridão da madrugada. O corpo adormecido do amante está refletido no espelho, ao olhá-lo uma fase da sua vida terminou e veio uma secura na garganta e um embrulho no estômago... Pela primeira vez não tinha vontade de resolver as coisas, de sair do caos em que sua vida afetiva se encontrava. Agora essa confusão era extremamente atraente. Por um instante foi vítima do amor em sua forma mais pura. Sentiu uma estranha felicidade, um sorriso surgiu no seu rosto. Foi para a cama, abraçou o seu amado e mesmo sabendo que não podia ter esperanças, que estaria só na noite seguinte, o amou intensamente.

Teu corpo combina com meu jeito

Nós dois fomos feitos muito pra nos dois

Não valem dramaticos efeitos

Mas o que esta depois

Não vamos fuçar nossos defeitos

Cravar sobre o peito as unhas do rancor

Lutemos mas só pelo direito

Ao nosso estranho amor
texto a partir da música Nosso Estranho Amor de Caetano Veloso e Marina Lima




domingo, 3 de fevereiro de 2008

A vida carnavalizar

"o carnaval é a invenção do diabo que deus abençoou"

EU SOU VOCÊ
VOCÊ ME DÁ
MUITA CONFUSÃO E PAZ
EU SOU O SOL
VOCÊ O MAR
SOMOS MUITOS CARNAVAIS
NOSSOS CLARINS
SEMPRE A SOAR
NA NOITE, NO DIA
BAHIA
VAMOS VIVER
VAMOS VER
VAMOS TER
VAMOS SER
VAMOS DESENTENDER
DO QUE NÃO
CARNAVALIZAR A VIDA CORAÇÃO

vc precisa ouvir o disco Muitos Carnavais de Caetano Veloso

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Escrevi esse texto em abril ou maio de 2007,talvez seja mais antigo, postei no Trivial em junho e não sei se porque hoje é sexta ou porque talvez tenha encontrado o sentido que procurava achei conveniente respostá-lo.



Em busca por um sentido nessa vida

Há mais ou menos um mês, em uma noite solitária e entediante como essa, me determinei a encontrar um novo sentido para minha vida em uma semana, já passou quase um mês... Não sei ao certo qual é o meu problema, porque tenho quase certeza que encontrei esse sentido, mas aí... sabe como é... virei as costas e continuei como se não tivesse acontecido nada, porque na verdade não aconteceu, e eu nem sei se era o sentido que eu estava procurando mesmo... o problema é que sair de uma vida entediante e sem muitas expectativas é bem trabalhoso,a gente acaba se acostumando, por mais que reclame dessa fase é bem assustador você imaginar que pode aparecer alguma coisa que vai mudar tudo, talvez eu não queira essa grande mudança... talvez um pouco... Hoje redescobri Neil Young, fazia um bom tempo que não ouvia, e essas músicas dão uma sensação tão nostálgica, e são aquelas músicas que você escuta olhando para o céu, fumando um cigarro (só para criar uma atmosfera poética pq eu não fumo) e pensando em como você era feliz no passado, mas não trocaria por nada nesse mundo aquela felicidade pela sabedoria que você tem agora, enfim essa músicas não fazem você sentir vontade de mudar.... Faz algumas horas que estou revendo os acontecimentos mais importantes da minha vida nos últimos 4 anos, é engraçado que fico pensando em como a minha vida está parada, em 2005 se tiver parado para momentos reflexivos como esse mais de 10 vezes foi muita coisa. Esses momentos só acontecem em dias entediantes, como essas malditas sextas-feiras em casa que me obrigam a fazer faxina no quarto para ter o que fazer! E a busca pelo sentido continua, será que devo voltar atrás e tentar... Nããããão! Uma hora vai aparecer um novo outra vez! Eu espero..

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

porque hoje acordei Tropicalista...

Minha Senhora
Gilberto Gil
Minha senhora
Onde é que você mora
Em que parte desse mundo
Em que cidade escondida
Dizei-me que sem demora
Lá também quero morar

Onde fica essa morada
Em que reino, qual parada
Dizei-me por qual estrada
É que eu devo caminhar

Minha senhora
Onde é que você mora
Venho da beira da praia
Tantas prendas que eu lhe trago
Pulseira, sandália e saia
Sem saber como entregar

Quero chegar sem demora
Nessa cidade encantada
Dizei-me logo senhora
Que essa chegança me agrada



a Gal cantando é foda, na época em que ela era uma cantora decente é claro...


terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Casual

Acende mais um cigarro. A porta se abre, não é Ele. O homem na outra mesa lhe parece familiar, não sabe se desde o primeiro instante ou talvez porque já tenha o observado por meia hora. Ele olha na sua direção e dá um meio sorriso. Rapidamente desvia o olhar para um dos quadros, fotos de famosos jazzistas desconhecidos estampadas por todo bar. Talvez o conheça de alguma vernissage, no início era interessante, hoje, sempre as mesmas pessoas fazendo os mesmos comentários estúpidos, talvez ele seja mais um desses... A porta se abre, é Ele. Se esforça para parecer zangada, mas a farsa se destrói no primeiro beijo. Desculpa-se. Ela perdoa. Pedem. Comem. Ele sussurra alguma coisa em seus ouvidos e se levanta. Enrubescida, espera um pouco,sorri desconcertada e O segue. A porta se abre, Ela se joga nos seus braços. Riem. Se beijam ardentemente. Se amam. Ele sai. Ela se olha no espelho e ri. Retoca a maquiagem, abotoa o vestido, ajusta o chapéu e sai. Os dois estão sentados, frente a frente. Acende mais um cigarro.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

"Um iê-iê-iê romântico"

“ Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo ao senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e ficar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria”.

Grande Sertão: Veredas

João Guimarães Rosa