terça-feira, 22 de abril de 2008

A triste saga de um escultor que amava demais

Quando ainda era criança recebeu um grande bloco de madeira, disseram-lhe que nesse bloco o amor devia ser esculpido. Deram-lhe ferramentas, no início não tinha tanta habilidade e mesmo tendo muito amor (o bloco chegava a ter o triplo do seu tamanho) ele não conseguia utilizá-lo direito. Tentou bastante, até que conseguiu esculpir uma bela escultura, achava que ela era a forma definitiva do seu bloco, grande ilusão, havia se decepcionado e agora tinha que destruí-la, mas não poderia destruir o bloco. Foi difícil, sofreu bastante, foram dias de trabalho duro, lembro que chegou a sair sangue de suas mãos, mas ele conseguiu transformar aquela escultura em outra ainda mais bonita. Aprendeu a substituir amores antigos por novos sem deixar nenhum resquício do passado e estava consciente de que por mais bela que fosse a sua obra uma hora ela teria que mudar.Tornou-se um especialista, a cada novo amor fazia uma nova escultura e sempre se superava. O problema é que bloco ficava menor a medida que trocava de amores. Um dia restando apenas um pequeno pedaço de madeira, ele esculpiu uma flor. Aquela pequena flor era, sem dúvida alguma, a mais bela das esculturas que tinha feito. Gastara muito tempo para fazê-la, desde o momento de sua visualização até o último entalhe, tudo tinha sido trabalhoso. Agora tinha aquela flor, perfeitamente definida e com uma enorme riqueza de detalhes. Infelizmente investiu sua última tentativa de amar em algo platônico e unilateral. Agora não tinha madeira suficiente para esculpir algo novo. Teria que escolher entre passar o resto da vida com um amor não correspondido ou destruir a flor e não amar mais.

Um comentário:

Beatriz Jucá disse...

Lindo o texto, Darwin! Adorei e me identifiquei um tanto! :*