segunda-feira, 30 de novembro de 2009

...maybe somewhere far away...

uma das melhores coisas que já vi

sábado, 28 de novembro de 2009

Eu suporto aparências

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem

Senhas|Calcanhotto

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

cartas rancorosas

Tenho o costume de escrever cartas que não entrego. Confesso ser um péssimo hábito, até porque sempre me atrapalho na hora de dizer as palavras, e para escrever é necessário o mínimo de organização do pensamento, já que a carta tem a intenção de substituir a pessoa na hora, então não vai ter quem explique caso seja mal interpretada.
As cartas que não envio são carregadas de sentimentos, já que tento parecer indiferente nas situações que me levaram a escrevê-las. Então elas tratam ou de um amor exagerado ou de uma raiva profunda, mas como o Leminski disse, o amor não acaba, vira matéria prima para a raiva.

Elogio a Superficialidade
17/11/2009

Flusser diria em "A sociedade das imagens técnicas" que as imagens são inacessíveis em seu interior, consumimos apenas imagens superficiais. Não conhecemos a "caixa preta" onde essas imagens são geradas, seus mecanismos são estranhos e sua linguagem não é compreensível, mas temos a superfície. Assim você se mostra na minha vida, traçamos uma relação onde não tenho contato com o que te constitui, sei das tuas palavras, dos teus gestos, mas não sei nada do que as comanda.
Uma caixa preta inacessível e indecifrável, essa é a forma como vejo os teus sentimentos, não tenho acesso a eles, apenas ao teu corpo, a tua superfície.
Alguém me falou uma vez sobre a teoria dos corpos serem todos iguais, foi o Milan Kundera em nossas conversas insustentáveis. Bem, no mundo da razão todos os corpos são iguais e os sentimentos são reações hormonais, o amor é a memória e a paixão a explosão dos hormônios.
Agora veja o que nós temos. Uma relação na superfície de corpos semelhantes aos que cruzamos diariamente, uma memória cada vez mais distante e hormônios que não explodem mais.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Bubble

é o tipo de coisa que me comove profundamente

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Waking Life

Comparado ao mundo dos sonhos, a vida desperta não tem a menor graça, nos sonhos as possibilidades do inconsciente são infinitas, além do que nada está mascarado, os temores, prazeres e vontades estão todos ali, e melhor ainda se você tiver a sorte de um sonho lúcido onde poderá controlar tudo isso. Em hipótese alguma, eu preferiria a vida desperta...
-(...)e eu cheguei a achar que essa seria a nossa conversa de término...
-mas é isso.
- hã? então tá.
Continuei comendo tranqüilamente, o olhar e a voz indiferentes como eu havia treinado, até mesmo as mãos trêmulas eu consegui controlar. a minha vontade era mandar que ele fosse embora e sumisse da minha vida, não seria muito difícil já que não construímos um relacionamento forte de amizade, eu me apaixonei muito rápido.
- eu queria ter te dito isso na semana passada, não é justo, não estava sendo sincero com você, eu não gosto tanto assim de você e...
- porque você esperou até agora para dizer? eu me expus completamente
- mas na verdade...
- a conta!
- você vai para o lançamento do livro amanhã?
- sim, estarei lá. Bem, estou indo embora
- eu também vou
Agora descreverei a maior traição que meu corpo já fez comigo, conseguir controlar as mãos trêmulas é um exercício muito difícil, manter-se indiferente quando a pessoa que você gosta termina com você é ainda mais complicado, então era inevitável que alguma coisa falhasse, me desconcentrei por um instante e minhas pernas falharam, escorreguei e caí da escada do café quando saíamos.
- Você está bem?
- Sim, só escorreguei.
- Sério, não está doendo?
- Não, está tudo bem.
- Vou te deixar no ponto de ônibus
- Não precisa, eu não preciso da sua proteção, eu queria amor, proteção eu não preciso. Pode ir embora, não tem mais nada que nos ligue, você acabou de romper o único fio. - não consegui dizer isso e ele me levou até o ponto de ônibus, me abraçou durante o caminho e me deu um beijo no rosto ao se despedir.

É por isso que não suporto essa waking life, é tão previsível e entediante.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

couple

- Estou tão cansado.
- São essas repetições.
- Esse constante quando.
- Eu não estou vivendo, só tenho tentado consertar essas coisas...
- Eu preciso me preocupar com você?
- Só se você quiser.
- Então não vou me preocupar, são tantas coisas fazer e...
- Você já não se importa mais.
- Estamos entediados.
- Melhor parar por aqui.
- O relacionamento?
- A conversa.
- Por quê?
- Vamos acabar encontrando outros problemas.
- Tem razão, já basta os que já temos
- Então, onde jantaremos hoje?