sábado, 12 de julho de 2008

Boullevard of broken dreams ou Espera

Andava tarde da noite pela avenida deserta, procurando e esperando algo que me surpreendesse, na verdade, procurava algo que me tirasse pelo menos por algum tempo da realidade farda em que estou vivendo. Dois garotos passaram por mim e pararam no ponto de ônibus mais a frente, deles levava a pé a sua bicicleta e conversavam animadamente. Também parei no ponto de ônibus onde ficaram. Encostados na parede um casal que deveria ter em média 60 anos se beijava como se tivesse 15. A jovem idosa era a mais animada nas carícias, beijava o pescoço do amante como se fosse uma vampira desesperada por sangue, ignorando os olhares passou desabotoou os primeiros botões da camisa dele e passou a mão no seu peito. Beijaram-se. Os garotos estavam frente a frente o assunto pareci não se esgotar, o que usava boné, estava sentado no varão da bicicleta e suas pernas esticadas de tal maneira que se encontravam com as pernas do outro garoto a sua frente. Ao contrário do outro casal as carícias que trocavam eram tímidas, assim como os sorrisos, mas os olhares, esses olhares que diziam tudo. Acendi um cigarro. Já havia perdido a conta de quantos já tinha fumado, tinha acordado com a sensação de que algo ruim ia acontecer, a sensação foi diminuindo à medida que encontrava pessoas queridas e que consumia uma quantidade incontável de glicose. Mas agora a sensação voltava, naquela avenida de sonhos partidos cercado por aqueles dois casais... eram os últimos cigarros, estava terrivelmente arrependido por comprar uma carteira de cigarros com sabor cereja. Ao menos estava no fim, não que esses cigarros sejam ruim, mas o gosto doce não vai me ajudar a abandonar o vício. Os amantes param de se beijar por um instante e o senhor me pede o isqueiro, ele ascende um cigarro e a mulher não parece gostar muito desse hábito, continuam abraçados enquanto ele fuma, mas ela mudou a posição do rosto tentando inutilmente evitar a fumaça. Um ônibus se aproxima, os dois garotos se abraçam, ‘quem não queria ser abraçado dessa maneira’, o que está em pé vai embora e o outro segue de bicicleta. Agora só restam dois cigarros. Catadores de lixo se aproximam e o velho mais uma vez interrompe as carícias, ele dá um cigarro para um dos catadores, o outro me pede dinheiro que nego sem pensar duas vezes. Agora lembrei de um curta sobre catadores de lixo, está no filme ‘Crianças invisíveis’, são vários curtas sobre infância, nem todos são muito felizes... Mais um ônibus se aproxima, os amantes se despedem, ela entra no ônibus, ele vai embora e estou sozinho. Acendo o último cigarro, tento aproveita-lo ao máximo, mas me perco em pensamentos e quando noto está no fim. Estou sozinho, eu e essa atmosfera de fumaça que eu mesmo criei, esperando alguma coisa que me tire dessa realidade farda que estou vivendo.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Risque!

O momento exige mudanças. Para começar preciso de cigarros, a marca que uso(Djarum) explora o trabalho infantil, e ainda tenho meia carteira...

Já comecei a riscar as coisas do meu caderno, das minhas meias e dos meus sapatos, assim mesmo, no melhor estilo Novos Baianos...

o céu e o inferno já estão riscados, pelo menos isso