sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

manhã de quem sou eu...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

...maybe somewhere far away...

uma das melhores coisas que já vi

sábado, 28 de novembro de 2009

Eu suporto aparências

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem

Senhas|Calcanhotto

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

cartas rancorosas

Tenho o costume de escrever cartas que não entrego. Confesso ser um péssimo hábito, até porque sempre me atrapalho na hora de dizer as palavras, e para escrever é necessário o mínimo de organização do pensamento, já que a carta tem a intenção de substituir a pessoa na hora, então não vai ter quem explique caso seja mal interpretada.
As cartas que não envio são carregadas de sentimentos, já que tento parecer indiferente nas situações que me levaram a escrevê-las. Então elas tratam ou de um amor exagerado ou de uma raiva profunda, mas como o Leminski disse, o amor não acaba, vira matéria prima para a raiva.

Elogio a Superficialidade
17/11/2009

Flusser diria em "A sociedade das imagens técnicas" que as imagens são inacessíveis em seu interior, consumimos apenas imagens superficiais. Não conhecemos a "caixa preta" onde essas imagens são geradas, seus mecanismos são estranhos e sua linguagem não é compreensível, mas temos a superfície. Assim você se mostra na minha vida, traçamos uma relação onde não tenho contato com o que te constitui, sei das tuas palavras, dos teus gestos, mas não sei nada do que as comanda.
Uma caixa preta inacessível e indecifrável, essa é a forma como vejo os teus sentimentos, não tenho acesso a eles, apenas ao teu corpo, a tua superfície.
Alguém me falou uma vez sobre a teoria dos corpos serem todos iguais, foi o Milan Kundera em nossas conversas insustentáveis. Bem, no mundo da razão todos os corpos são iguais e os sentimentos são reações hormonais, o amor é a memória e a paixão a explosão dos hormônios.
Agora veja o que nós temos. Uma relação na superfície de corpos semelhantes aos que cruzamos diariamente, uma memória cada vez mais distante e hormônios que não explodem mais.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Bubble

é o tipo de coisa que me comove profundamente

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Waking Life

Comparado ao mundo dos sonhos, a vida desperta não tem a menor graça, nos sonhos as possibilidades do inconsciente são infinitas, além do que nada está mascarado, os temores, prazeres e vontades estão todos ali, e melhor ainda se você tiver a sorte de um sonho lúcido onde poderá controlar tudo isso. Em hipótese alguma, eu preferiria a vida desperta...
-(...)e eu cheguei a achar que essa seria a nossa conversa de término...
-mas é isso.
- hã? então tá.
Continuei comendo tranqüilamente, o olhar e a voz indiferentes como eu havia treinado, até mesmo as mãos trêmulas eu consegui controlar. a minha vontade era mandar que ele fosse embora e sumisse da minha vida, não seria muito difícil já que não construímos um relacionamento forte de amizade, eu me apaixonei muito rápido.
- eu queria ter te dito isso na semana passada, não é justo, não estava sendo sincero com você, eu não gosto tanto assim de você e...
- porque você esperou até agora para dizer? eu me expus completamente
- mas na verdade...
- a conta!
- você vai para o lançamento do livro amanhã?
- sim, estarei lá. Bem, estou indo embora
- eu também vou
Agora descreverei a maior traição que meu corpo já fez comigo, conseguir controlar as mãos trêmulas é um exercício muito difícil, manter-se indiferente quando a pessoa que você gosta termina com você é ainda mais complicado, então era inevitável que alguma coisa falhasse, me desconcentrei por um instante e minhas pernas falharam, escorreguei e caí da escada do café quando saíamos.
- Você está bem?
- Sim, só escorreguei.
- Sério, não está doendo?
- Não, está tudo bem.
- Vou te deixar no ponto de ônibus
- Não precisa, eu não preciso da sua proteção, eu queria amor, proteção eu não preciso. Pode ir embora, não tem mais nada que nos ligue, você acabou de romper o único fio. - não consegui dizer isso e ele me levou até o ponto de ônibus, me abraçou durante o caminho e me deu um beijo no rosto ao se despedir.

É por isso que não suporto essa waking life, é tão previsível e entediante.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

couple

- Estou tão cansado.
- São essas repetições.
- Esse constante quando.
- Eu não estou vivendo, só tenho tentado consertar essas coisas...
- Eu preciso me preocupar com você?
- Só se você quiser.
- Então não vou me preocupar, são tantas coisas fazer e...
- Você já não se importa mais.
- Estamos entediados.
- Melhor parar por aqui.
- O relacionamento?
- A conversa.
- Por quê?
- Vamos acabar encontrando outros problemas.
- Tem razão, já basta os que já temos
- Então, onde jantaremos hoje?

sábado, 29 de agosto de 2009

Unattainable

"Oh, if you find yourself
Amongst the lonely ones
I will be waiting here with open arms"

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

uma quase resposta...

As vezes me preocupa essa incapacidade de me impresisonar com a vida real. Fico paralizado diante de um filme bom, choro com músicas, os quadros e fotografias me despertam paixão. Mas a vida real não me impressiona. Você sabe, o suicídio não me atrai nem um pouco. mas essa vontade de não pertencer a essa realidade me consome, mesmo me apegando tanto a coisas( e pessoas) que me prendem a ela(você pode se incluir entre essas coisas). A arte ainda me comove por fugir dessa realidade. Não posso criar uma outra ou ficar alheio a essa, mas tenho me esforçado tanto para sorrir enquanto carrego o peso desta.

Janelas Abertas nº2

Sim, eu poderia abrir as portas que dão pra dentro
Percorrer, correndo, corredores em silêncio
Perder as paredes aparentes do edifício
Penetrar no labirinto
O labirinto de labirintos
Dentro do apartamento
Sim, eu poderia procurar por dentro a casa
Cruzar uma por uma as sete portas, as sete moradas
Na sala receber o beijo frio em minha boca
Beijo de uma deusa morta
Deus morto fêmea, língua gelada
Língua gelada como nada
Sim, eu poderia em cada quarto rever a mobília
Em cada um matar um membro da família
Até que a plenitude e a morte coincidissem um dia
O que aconteceria de qualquer jeito
Mas eu prefiro abrir as janelas
Pra que entrem todos os insetos.

Caetano

sábado, 1 de agosto de 2009

Pullovers

"O mundo é dos estranhos. Se for um estranho apaixonado, então sorte dos espectadores. Espere as declarações mais inusitadas, as ações mais exaltadas, o amor mais intenso e sem convenções".
Bruno Yutaka Saito
Depois de uma tarde de “quem sou eu” e de acordar à uma hora da madrugada ainda em desespero – eis que às três horas da madrugada eu acordei e me encontrei. Sim, eu me encontrei. Calma, tranqüila, plenitude sem fulminação. Simplesmente isso. Eu sou eu. E você é você. È lindo, é vasto, vai durar. Por enquanto tu olhas para mim e me amas. Não: Tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.


Trecho do livro Água Viva da Clarice que foi declamado por Bethânia no Rosa dos Ventos: O show encantado em 1971.
meu grito lixa o céu seco...

domingo, 12 de julho de 2009

Volver

Alice o puxou pelo braço, olhou nos olhos dele e disse que se a deixasse naquele momento não precisaria voltar. Carlos foi embora, seguiu em direção a porta sem titubear.

Voltou um mês depois, as portas da casa de Alice estavam abertas, mas não só para ele entrar.

domingo, 5 de julho de 2009

"Hoy estoy raro, y no entiendo por qué
si nada extraño me tuvo a maltraer.
Hoy estoy raro no se lo que hacer.
Sentarme a esperar, que se me pase y chau".
hoy estoy raro|el cuarteto de nos

a mensagem

Tive um pesadelo conturbado, com pessoas que me agrediam em uma língua desconhecida. Ainda em um estado entre o sonhar e o despertar, estendi o meu braço em busca do calor reconfortante do seu corpo, mas o lado direito da cama estava vazio. Abri os olhos e só encontrei um bilhete. Corri até a porta e vi que seu carro não estava mais lá, voltei para quarto e não achei a única mala que ele trouxera. Por uma hora ininterrupta eu chorei, e sentado a porta da nossa casa, sentindo o hálito frio da madrugada recorri as lembranças da semana que vivemos juntos, ainda visíveis e frescas, elas me incomodavam, mas não conseguia(nem queria) me desfazer delas.

Não o procurei novamente, deixei que seguisse o seu caminho, não sei se ele me procurou, mudei de cidade, de telefone e agora, tanto tempo depois, estou de volta ao que já fora a nossa casa e as lembranças ainda parecem palpáveis, o cheiro dele ainda está presente nas paredes que pintamos no segundo dia, mas a minha surpresa foi não encontrar as coisas do jeito que deixei. Ao abrir um dos armários encontrei um bilhete.
"porém não tive coragem de abrir a mensagem"

sexta-feira, 12 de junho de 2009

sábado, 16 de maio de 2009

"Nada no bolso ou nas mãos"

dinheiro
moedas
identidade
cartões de crédito
cartão telefônico
comprovante de matrícula
carteira de cigarros
fones de ouvido
bloco de notas
celular
canetas
isqueiro

"viu só, o peso está nas coisas que carrego nos bolsos, é só eliminar a bagagem e serei leve"

domingo, 10 de maio de 2009

STOP ME!


Notnhig's change
I still love you...

sábado, 25 de abril de 2009

Já é madrugada...

Já é madrugada e dirijo meu carro pelas ruas desertas dessa cidade fantasma. Reduzo a velocidade ao ouvir o apito do trem que se aproxima, descem as barras que bloqueiam a avenida de sonhos partidos que percorro e espero o (enorme)trem cargueiro que passa todos os dias a essa hora passar para continuar meu caminho. Ligo o rádio a procura de uma canção que me liberte, mas momentos de catarse tem sido raros nesses últimos meses, o meu velho rádio já não consegue sintonizar as rádios corretamente e os ruídos que emite são piores que qualquer canção ruim que possa tocar.
A garota no banco ao meu lado dorme profundamente, seus sonhos escorrem pelos cabelos e saem pela janela se perdendo nesse mundo de sombras, ainda assim desenha um sorriso discreto em seu rosto jovem, me pergunto se estou em seus sonhos, se sou eu o homem que faz com que o emaranhado de histórias e experiência que nos afligem todas as noites tenha alguma sentido. Ela está presente nos meus sonhos, é o elo entre esse mundo e o outro desconhecido, sonhei com essa garota a vida toda, antes mesmo de transarmos no banco de trás do meu carro, antes de todas as cervejas e cigarros, antes mesmo de conhecê-la esta noite.
Se os sonhos revelam nossos desejos mais secretos, essa garota é o que mais desejo e agora foge do meu mundo de sonhos e invade a minha realidade tão abruptamente, em apenas uma noite. É madrugada, as barras que bloqueiam a rua se levantam e a garota com quem sonhei por todos esses anos está ao meu lado dormindo tranquilamente, ela me pediu para levá-la para casa, mas não ouso acordá-la para pedir instruções de como chegar lá, poderia ficar parado aqui, velando o seu sono, admirando os sonhos que escapam pela janela e se misturam com a névoa e o vento frio dessa noite. Aproximo minha mão dos seus cabelos, ela desperta, pergunto-lhe como chegar a sua casa e ela me responde da forma mais objetiva possível. “Rua das Quimeras n°38 - Dreamland, siga direto e vire na 4ª a esquerda".
Paro o carro e ela desce sem agradecer ou se despedir, o último olhar que me dirigiu me revelou o que mais temia encontrar, a ebriedade do álcool e da nicotina havia a abandonado por completo e eu era apenas mais uma de suas aventuras noturnas, nada de sonhos se tornando realidade na Rua das Quimeras Partidas. Ela se dirige a porta de sua casa sem olhar para trás, seus passos são rápidos, abre a fechadura com certa diligência e nem ao menos olha para o carro, sei que naquele momento deseja que eu não estivesse ali, talvez tenha se assustado por ter dormido no carro de um estranho, talvez quisesse deixar claro que não haveria mais nada depois dessa noite. Não sei o seu nome, mas sei o seu endereço, embora saiba que jamais voltaria aqui se ela não me convidasse, mas não vamos nos encontrar de novo, aquele bar foi apenas um acidente nas nossas vidas, um acidente que me fez entrar no mundo dos meus sonhos mesmo estando desperto.
Ligo o carro e sigo o caminho inverso que fiz, os primeiros raios de sol tingem o céu, a névoa começa a se dispersar e o cenário me pede um cigarro, a carteira está vazia. Vou para minha casa onde encontrarei a minha cama desarrumada, minha mesa bagunçada, a pia cheia de louças e os trabalhos acumulados, tirarei a roupa e me jogarei na cama nos braços da minha solidão, por cima de livros e roupas. O ambiente que parece desagradável não passa de mais um reflexo de mim mesmo. É apenas o que me espera quando eu chegar em casa, os reflexos da minha vida vazia e solitária. Está amanhecendo dirijo o meu carro pelas ruas desertas dessa cidade fantasma.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Quando a capacidade de transformar sentimentos em palavras chega ao seu limite, ainda resta música...

Amor perfeito
Amor quase perfeito
Amor de perdição paixão que cobre
Todo o meu pobre peito pela vida afora
Vou-me embora, embromadora
Você para mim agora
Passa como jogadora
Sem graça nem surpresa
Diga que perdi a cabeça
Seu eu me levantar da mesa e partir
Antes do final do jogo
Louco seria prosseguir essa partida
Peça falsa que se enraíza
E faz negro todo meu desejo pela vida afora
Vou-me embora, embromadora
E quando eu saltar de banda
E quanto eu saltar de lado
Vou desabar seu castelo de cartas marcadas
E tramas variadas
Sim
Seu castelo de baralho vai se desmanchar
Desmantelado
Decifrado
Sobre o borralho da sarjeta
Chegou o inverno !
Dona de Castelo|Jards Macalé e Waly Salomão

quinta-feira, 9 de abril de 2009

I'll go anyway, I'll go anyway
They won't refund the ticket
It's a good story

But I don't want to live it alone
Crash to take a chance
I wanna live it out
'Know I'm already dead
No concrete adversity
Only traps of our own actions
How we wanted it to be
Now I'm never gonna see you again
I checked out

Live It out|Metric

domingo, 15 de março de 2009

complicações simbióticas

Para alguns o princípio básico do amor seria a simbiose. As duas pessoas que se tornam uma só, uma adquire as características da outra... mas as coisas não são tã simples e democráticas. Um acaba cedendo mais que o outro e a teoria do Kassin aí embaixo nem sempre vai se aplicar...
quando alguém

gente, planta ou animal
com alguém quer se misturar pra ter
o que ele não pode ser se não se modificar
ao ganhar dando parte do que é
se o outro quiser a vida em comum
cada um, um sim
perder para ganhar, ganhar sem perder... essas coisas tem me perturbado ultimamente, junte isso a uma persistência capricorniana(aparentemente a única característica de capricorniano que tenho) e terá um estado sentimental levemente parecido com o que me encontro. Talento para ilusão e persistência. por favor, alguém me sirva boas doses de realidade com muito gelo.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

"as palavras eram amargas demais, desnecessárias, mas insistia em proferi-las, não importava quem estava certo ou errado, era isso que ele não entendia, continuava insistindo até que não houvesse dúvidas de sua vitória, mas não há vitória quando o orgulho é maior que o amor".
no limite do amor

domingo, 8 de fevereiro de 2009

não faz muito sentido...

mas deixa...

"how can I tell you that I love you... I love you
but I can't think of what's right to say
I long to tell you that I'm always thinking of you
I'm alwyas thinking of you
it alwyas ends up to one thing honey
and I can't think of right words to say"

sábado, 7 de fevereiro de 2009

a sua pele, neve branca que flutua

Nem poesias nem baladas,
apenas água e calma.
Abre a alma e mostra os seios,
entre os seios me abrigue sem receio.

Na sua boca a minha ao meio,
as línguas dançam uma valsa,
ninguém sabe de onde veio
a sua pele, neve branca que flutua.

Boca e sextos sentidos,
tantos sons esquecidos,
buscam beijos perdidos
por debaixo de uma saia,
por debaixo dos vestidos.

Olhos fechados sonham sonidos.
Manhã amanhece um outro sol no caminho.

Valsa do Vestido|Doces Cariocas

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

I'd bury my dreams under the ground II

O que aconteceram com os planos que eram muito bons?
Para onde foram as cidades invadidas?
o vento com seu espírito infantil e aventureiro a assanhar nossos cabelos?
Os sonhos foram enterrados,
sobrou realidade de uma peça sem clímax
e quem estaria disposto a ver esse espetáculo?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

you're not alone

If you're on your own in this life
The days and nights are long
When you think you've had too much of this life, to hang on

Well, everybody hurts
sometimes, everybody cries
And everybody hurts, sometimes
But everybody hurts, sometimes

[Everybody hurts R.E.M]

Don't look back

Suas mãos eram sempre nervosas e instáveis, tanto que provocava acidentes por onde passava. O barulho de coisas quebradas era inseparável de seu riso fácil e passos barulhentos, a habilidade para quebrar os objetos só não foi tão prejudicial a sua vida social porque ele aprendeu a consertá-los. O estranho fato de alguém conseguir ser tão desastrado a ponto de fazer um pote de maionese cair apenas por pensar em pegá-lo contrastava com a destreza que ele tinha em colar os cacos dos vasos chineses que quebrou quando visitava uma tia... Por sorte a maioria dos objetos podem ser consertados, mas e quanto aos sentimentos? sinto muito, mas não haveria sentido nesse garoto ser tema desse blog se ele não provocasse acidentes sentimentais. O problema em partir corações é que sempre ficam as marcas, e pior ainda, não se pode comprar um coração novo pelo submarino ou na amazon.com. Ele tentou, parou de quebrar pratos, copos, jarros, mas toda vez que lhe davam um coração... Sentido não havia, apenas ele deixava que o pobre músculos escorregasse pelas suas mãos e se partisse, ou apertava com tanta força com medo de que perdesse que acaba quebrando do mesmo jeito.
Até que a lógica o visitou em uma tarde de quinta quando se lamentava e fumava um cigarro com gosto de canela, se ele não podia parar de machucar que descobrisse uma forma para consertar os corações partidos, uma cola especial, ou uma loja especializada onde consertassem e dessem alguma garantia... Já era complicado encontrar algúem que desse uma boa garantia naqueles tempos, esse talvez fosse o problema, prometiam que consertariam tudo, arrumariam os cacos, mas logo depois tudo se partia e os cacos eram ainda menores.
O cansaço o tomou depois de alguns anos de busca incessante, tentativas frustradas e amores sofridos, e a culpa, transformações só acontecem quando essa pequena palavra está envolvida. Ele não deixaria de ser desastrado, nem há uma forma eficaz de consertar corações partidos e sentimentos que entortaram. Lhe restaram duas escolhas, ficar sozinho e não ferir mais ninguém ou escolher sua vítima permanente e destruir seu coração acidentalmente até que fosse impossível qualquer conserto temporário. As duas idéias o assustavam, então como um bom medroso resolveu ficar só, mas aonde quer que fosse uma trilha de corações partidos o acompanhava, ele mesmo os cultivava, mas nunca mais se arrependeu ou olhou para trás, a culpa havia se tornado o seu adubo predileto.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

I'd bury my dreams under the ground

Todas as manhãs penteava os cabelos fazendo tranças com suas mãos habilidosas. O ritual demorava longos minutos, os nós eram desfeitos e refeitos até que estivesse satisfeita. Era a sua maneira de deixar os sonhos presos na cabeça, já ouvira falar que não deveria passar as mãos nos cabelos para que os sonhos não fugissem pelos fios, mas elas os prendia, para que não esquecesse...

algum dia termino isso, hoje não, tenho que acordar mais tarde, cedo.