domingo, 30 de março de 2008

só de passagem

eu queria ficar, mas você não me pediu.

sábado, 15 de março de 2008

Tarde de sexta


Enquanto conversavam nuvens carregadas cobriam o céu que até pouco tempo estava azul, cada palavra que Lhe era dirigida parecia uma estaca que atingia o seu coração ( eu sei, essa é uma das metáforas mais pobres do mundo, mas fazer o que se estou sem inspiração?). Sentiu uma dor forte no peito e embora sentisse vontade, não conseguiu chorar. Despediram-se. Durante o resto da tarde uma chuva forte atingiu aquele lado da cidade. Depois da chuva a angústia e a dor foram embora.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Experiências poéticas enquando alguém falava sobre Sérgio Buarque de Holanda e a formação da sociedade brasileira

Os meus sentidos foram arrancados pela ilusão do amor.
Ando agora desequilibrado
em um mundo estranho
onde [não] me permito sentir dor
e prazer.

Genética

Sentindo-se sufocado com a tensão na sala onde velam o corpo do tio, Antonio vai caminhar pelo cemitério e acende um cigarro.

- O que você está fazendo com esse cigarro?

- Fumando, o idiot... Mãe?

- Antonio, como você pode me causar um desgosto desses a essa altura da minha vida! Meu filho, um fumante! E você que sempre fez campanha anti-tabagismo...

- Mãe, por favor, você fuma a mais de... 30 anos?

- Sim, fumo mesmo, mas até hoje sua avó não sabe que fumo! Nunca dei a ela esse desgosto, ter uma filha fumante...

- Já de ter uma filha mentirosa...

- Conviver com a mentira é inerente à maternidade!

- Mas não se preocupe, só estou fumando porque fiquei abalado com a morte do tio, e o clima ali naquela sala está muito pesado... Não vou precisar de tratamento, ainda não sou viciado.

- Abalado com a morte do seu tio?! Me surpreendo se você tiver falado com ele mais de três vezes.

- Falei mais que isso, nessa última semana conversamos bastante... Ele me devia um dinheiro, ainda daquela partida de poquer do mês passado...

- Além de fumante, viciado em jogo!

- Fazer o que? É a genética. Recebi 23 cromossomos fumantes e 23 cromossomos jogadores.

- Viu com a irmã mais nova do seu pai ficou gorda?

- Se ela não se cuidar vai ter o mesmo destino do tio E....

- Menino! Não diga uma coisa dessas!

- Ele morreu com quantos quilos?

- Não sei, mais de duzentos...

- Será que também herdei genes obesos?

- Hahahahaha. Essa foi boa, você nunca conseguiu ser gordo... E agora que virou fumante... Ai que desgosto! Um filho fumante... Quanto o seu tio ficou te devendo?

- 2 mil

- E você teve coragem de cobrar dívida de um homem que sofre do coração?

- Eu não sabia...

- Que seus outros tios não saibam dessa história...

- Ah, mas vão saber! Não vou ficar no prejuízo!

- Que filho horrível! O que foi que eu fiz de errado? Devo ter transado com o papa na outra vida, pra merecer isso!

- Essa piada foi boa... é sua?

- Acho que sim... Ultimamente tenho encarado as coisas com mais humor...

- Menos o fato de eu ter virado fumante...

- Isso causa uma grande tristeza no meu coração...

Antonio acende mais um cigarro

- Meu amor, qual é esse cigarro?

- Black

- Cigarros com gosto?

- É...

- Hunf... Meu maço acabou... Me arranja um?

segunda-feira, 10 de março de 2008

O Arnaldo me entende...

Para onde vou agora livre, mas sem você
Pra onde ir o que fazer como eu vou viver
Eu gosto de ficar só, mas gosto mais de você
Eu gosto da luz do sol, mas chove sempre agora sem
você
Sem você, sem você, sem você

Às vezes acredito em mim
Mas às vezes não
Às vezes tiro meu destino da minha mão
Talvez eu corte o cabelo
Talvez eu fique feliz
Talvez eu perca a cabeça
Talvez esqueça e cresça sem você
Sem você, sem você, sem você

Pra onde vou agora sem você

Talvez precise de colchão
Talvez baste o chão
Talvez no 20º andar
Talvez no porão
Talvez eu mate o que fui
Talvez imite o que sou
Talvez eu tema o que vem
Talvez te ame ainda sem você
Sem você, sem você, sem você

Eu gosto de ficar só, mas gosto mais de você
Eu gosto da luz do sol, Talvez eu mate o que fui
Talvez imite o que sou
Talvez eu tema o que vem
Talvez te ame ainda sem você
Sem você, sem você, sem você
Sem Você - Arnaldo Antunes
Qualquer

Arnaldo Antunes - Sem Você

domingo, 2 de março de 2008

Típica crônica dominical

Os domingos são naturalmente depressivos, e quando a casa está vazia e os amigos envoltos na mesma melancolia dominical que suga a vontade fazer qualquer outra coisa além de... Ficar em casa. Vitrola, discos do Roberto, Skol gelada e cigarros roubados da carteira da minha mãe. O cenário criado para inspirar uma crônica dominical fazendo reflexões baratas sobre o tédio dos dias de domingo. Tentei ligar mais cedo para a operadora do meu serviço de internet e descobri, depois de horas tentando decifrar as entrelinhas do atendimento eletrônico, que não existe atendimento aos domingos. Enquanto isso ela fica lenta e praticamente inútil. Falar sobre o inferno que é a indústria do tele marketing também já virou lugar comum, tantas pessoas mais interessantes e bem pagas já escreveram sobre esse tema... Roberto Carlos 1977 – Falando Sério, essa música é carregada de sentimentos, combina perfeitamente com a proposta inicial desse blog, mas não com a minha vontade... Essa coisa de ser sentimental e preferir por amora sofrer por qualquer outra coisa. Sofrer parece a coisa mais tola e sofrer por amor? Que coisa mais individualista e egoísta, a vida pode não ser bela, mas sofrer por amor é... inútil. Não vai trazer o amor de volta, não vai acabar com a crise da Palestina, não vai salvar os refugiados na África, não vai pagar o seu salário, não é o seu sofrimento que vai... que vai... Sofrer por amor é uma extrema falta de solidariedade. Além de ser um desperdício de tempo. Ai, vou ouvir Maysa.

Maysa - La Barca